
Quem foi Tamba Xavier?
Tamba Xavier é Cândido Santos, nasceu na cidade de Cachoeira, onde trabalhou como ceramista, atividade que iniciou junto com Cecílio e Armando dos Santos. Moravam na Ladeira Manoel Vitório, na Recuada, local onde desde o século XIX, predominou um contingente populacional africano e afro-descendente (IPHAN, 2007, p. 37), e se formaram terreiros de candomblé.
Relata se , Ele eram filhos de um antigo pai de santo conhecido como Chiquinho de Babá. E fazia parte de um terreiro jeje da cidade de Cachoeira, e que fazia a louça de barro para o culto afro-brasileiro (NASCIMENTO, 2007, p. 64). Diz Cândido, em entrevista dada a Coimbra e aos colaboradores (2010, p.143), ele e seus irmãos (Cecílio e Armando) aprenderam modelar o barro com o seu pai, e a sua mãe também modelava bichinhos.
Sobre sua obras.
Desenvolveram figuras para presépio (da tradição católica) e sobre temas das matrizes afro-brasileiras, criando as figuras de Exu Boca de Fogo e a Barca de Exu, as quais conferiram singularidade à tradição da cerâmica em Cachoeira. Essas representações mantêm as cores do orixá – preto e vermelho –, o seu pênis ereto, próprio a certas figurações masculinas de Exu. Com a língua de fora e chifres, essa representação de Exu sinaliza a associação. Que foi feita por afro-baianos com o demônio católico, pela presença dos chifres. As obras de imagens com a língua de fora, parece-nos um dado da criatividade dos artistas desta família. (PÊPE, 2011, p. 9)
Uma cerâmica representando Exu Boca de Fogo faz parte do acervo do Museu Afro-Brasileiro (UFBA), hoje na reserva técnica. Esta peça constitui objeto de fotografia da capa de um catálogo deste museu.
Cândido Xavier tornou-se conhecido pelo apelido de Tamba Xavier. A palavra “tamba” em Kimbundo quer dizer pesca, pescaria, já em Tupi, “támba” é uma bebida feita de beiju cozido diluído em água.
“A peculiaridade técnica das peças de Tamba Xavier, que diferentemente da maioria das peças dos seus parentes. É que ele deixava queimado ao sol, e para obter maior resistência, usando um pouco de cimento misturado ao barro. E a maioria de seus trabalhos não ultrapassavam 25 cm de altura e são pintados com, cores vivas de aparência fosca.”
Onde Viveu esse Ilustre cidadão?
Tamba Xavier morou algum tempo em Salvador e em Feira de Santana, onde também exercia a atividade de ceramista, a qual não abriu mão, apesar das dificuldades de comercialização. Em Salvador, vendia peças a comerciantes no Mercado Modelo (COIMBRA et al., 2010, p. 143). Em Cachoeira, Aloísio Berto da Silva, na época proprietário do bar e da pousada Cabana do Pai Thomaz, vendeu muitos trabalhos de Tamba Xavier sobre temas da religiosidade local. (SILVA, Depoimento, 2013)
A publicação O Reinado da Lua: escultores populares do Nordeste (1980), da autoria de Sílvia Coimbra e colaboradores, contribuiu para o reconhecimento do valor artístico do trabalho de Tamba Xavier e a sua divulgação, como de muitos outros ceramistas e escultores do Nordeste do Brasil.
Citações ao Artista Tamba Xavier!
Citado por Lélia Frota, no texto Criação liminar na arte do povo: a presença do negro, de Lélia Frota. No capítulo do livro A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica (1988). Essa autora buscar afastar a visão de que a produção de artistas negros é exótica, pitoresca ou primitiva.
Tem os Seus trabalhos vendidos a turistas/colecionadores nacionais e estrangeiros interessados pela cultura popular e/ou de matrizes africanas. Algumas fazem parte de acervo de museus. A produção de Tamba Xavier era vendida, localmente para uso religioso ou para particulares. Além de seus irmãos, são ceramistas da família de Tamba Xavier, Pedro (falecido), Alentícia (esposa de Pedro) e Florisvaldo Santos (o sobrinho-neto de Tamba), conhecido como Flor do Barro.
Fontes: Dicionario Manuel Querino de Artes na Bahia – Belas Artes Universidade Federal da Bahia (UFBA) http://www.dicionario.belasartes.ufba.br/wp/verbete/tamba-candido-santos-xavier/